03 novembro 2010

O prazer da escrita

       Escrever não deve ser um fardo, deve ser feito com prazer.
       Quando tal acontece, independentemente da idade, a qualidade vem ao de cima.
       Para exemplicar estas afirmações, decidimos publicar o seguinte texto de uma aluna do 5º ano.


                                                  O pincel de prata             
           
Era uma vez uma menina chamada Angelina. A Angelina não tinha amigos para falar ou desabafar pois a única pessoa que tinha era a sua madrasta, que era má como as cobras e a proibia de sair de casa. Como devem imaginar ela não falava com ninguém, apenas falava com os passarinhos, que ouviam as suas lamúrias inconsoláveis e vinham ter com ela para a consolarem.
Num dia lindo de sol, a Angelina, como todos os dias, foi fazer os trabalhos domésticos que a sua madrasta lhe mandara. Naquele dia, o seu trabalho era limpar a cave, que estava a abarrotar de livros.
“Tarefa mais complicada do que esta, não deve haver…”- lamentou-se ela.
Mas a pobre Angelina nada podia fazer. Reclamar com a sua madrasta, nem pensar. A sua única hipótese era fazer o que lhe era dito. Mais tarde, quando ainda estava a limpar a primeira prateleira da terceira estante, de vinte e cinco, encontrou uma caixinha com o seguinte bilhete:

Querida filha,
 Oferecemos-te esta escova de prata em nome do nosso    amor eterno. Esperamos que a uses todos os dias ao acordar de manhã.
Beijinhos dos teus pais
Rosalina e Francisco

Quando a Angelina leu o bilhete quase chorou. Recordou os seus falecidos pais e a sua madrasta, com quem o pai casara depois de Rosalina, a mãe biológica da Angelina, ter falecido. Cheia de curiosidade para ver o presente lhe tinha sido oferecido, abriu a caixinha e, lá dentro, estava uma linda escova de prata, tal como dizia no bilhete. Voltou a fechar a caixinha e guardou-a no bolso do avental.
No final da limpeza, apressou-se a subir as escadas em direcção ao seu quarto e, já lá dentro, escovou o cabelo loiro e comprido com a sua nova escova. Ao dar a primeira escovadela, a sua maravilhosa prenda transformou-se num pincel de prata com uns pêlos muito finos e delicados. Ela, que gostava muito de pintar, embora não tivesse folhas, pensou:
“Que bom!!! Acho que o meu quarto precisa mesmo de uma pintadela… Já sei! Vou pintar na parede a cidade que se vê daqui. Vai ficar linda!”
Começou a sua obra, que acabou em menos de uma hora e meia. Ficou então deslumbrada com o seu retrato da cidade de que tanto gostava. Nem ela poderia acreditar que tinha sido ela a pintar até que….:
- Ei, não te esqueces que eu também pintei e ainda fiz mais esforço do que tu!!!
Angelina não podia acreditar que o seu pincel estivesse a falar. Se calhar ainda estava a sonhar com o seu retrato da cidade, mas não hesitou em perguntar:
- Quem é que está a falar?
- Sou eu, o teu pincel. Ou melhor, o teu pincel mágico!
- Como é que é possível? Os pincéis não falam…
- Queres tu dizer: os pincéis normais não falam, não é verdade? Pois eu sou um pincel mágico, como já disse há pouco…
- Ah, e tu fazes magia?
- Sim, que magia queres que eu faça?
- Que me leves à cidade!
E, em menos de um minuto, com pozinhos de perlimpimpim, estavam ambos na cidade. A partir daí tornaram-se muito amigos e, assim, sem a madrasta saber, começaram a ir todos os dias à cidade.
E esta é a história de uma menina que não tinha amigos mas acabou por encontrar um amigo muito diferente de todos os outros!!!
Ana Guimarães, 5ºC, nº 3

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